Museu

O que é um museu?

“Quem vive de passado é museu”. Você já deve ter ouvido essa expressão inúmeras vezes, não é? Ou que museus são espaços de coleções de velharias, por exemplo. Sim, uma das funções dos museus é preservar memórias e conservar objetos. Mas, museus são também espaços de identificação, de convívio e interação, de diálogo e de construção de conhecimento. Os museus são lugares vivos, pulsantes, místicos e transformadores que inspiram diversos sentimentos e emoções nas pessoas.

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Nove Musas

A palavra museu vem do grego mouseion, que significa “templo ou morada das musas”. Tem início na mitologia grega quando Zeus, Senhor dos deuses, tem relações com Mnemosine, a deusa da memória, que gera e dá a luz a nove musas. Elas eram as preservadoras da memória e ficavam responsáveis por cantar a vitória e os grandes feitos dos deuses.

NOVE MUSAS

O templo ainda era um local de inspiração divina e criativa para os poetas, filósofos, astrônomos, artistas e intelectuais que frequentavam o lugar e que, muitas vezes, ofereciam presentes de todos os tipos para as musas. Assim, o museu era um templo e uma instituição de pesquisa; um lugar para estudo e exposição das belas artes, da literatura, das ciências e de objetos artísticos.

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Museu Louvre

Os museus são tão antigos quanto o interesse humano em colecionar objetos, e sua origem, do jeito que conhecemos hoje, remonta ao século XV. O período das Grandes Navegações e suas coletas deram origem aos “Gabinetes de Curiosidades”, espaços repletos de objetos “fabulosos” e “estranhos” trazidos desse “Novo Mundo”. Além dos gabinetes, existiam também as galerias de arte palacianas, com esculturas e pinturas. Esses espaços eram locais privados, de famílias nobres ou ricas, inacessíveis à população em geral.

Gabinete de Curiosidades

As coleções dos gabinetes foram essenciais para o desenvolvimento da ciência moderna, que se deu a partir do Iluminismo, servindo para a sistematização e aquisição de conhecimentos acerca do mundo natural e dos humanos. A partir disso, surgiram os primeiros museus, dotados de diversos acervos e assumindo uma abordagem enciclopédica do conhecimento. Já no século XVIII, se expandiram os museus nacionais, com amplos acervos, que traziam o objetivo de construir e reforçar a ideia de nação que, muitas vezes, reforçava o nacionalismo e a supremacia dos países colonizadores. Além dos museus nacionais, haviam os museus de história natural, de história e de artes. O século XIX foi marcado pelo surgimento dos museus de técnicas e tecnologias, que também atuavam no treinamento da mão de obra necessária às novas máquinas. Foi um século de grande diversificação dos museus, em consonância com as mudanças do mundo.

No século XX, os museus ampliam o uso de recursos tecnológicos e de abordagens interativas com os visitantes. Esse movimento dá origem aos Centros de Ciências, espaços educativos focados na comunicação e educação científica ao invés da aquisição e pesquisa de acervos e coleções. Tal diversificação desvela um movimento de transformação do papel social dos museus, que leva à proposição de um novo conceito de museus, a partir da década de 1970, em convergência com muitos outros movimentos sociais. Os museus começam a assumir o compromisso de atuar contra as desigualdades sociais e preconceitos e a favor da dignidade humana.

De coleções particulares exclusivas à elite a espaços educativos democráticos e inclusivos, os museus são espaços dinâmicos, sintonizados com o mundo e a realidade na qual estão inseridos, contribuindo na construção de identidades e pertencimento, bases da cidadania de cada povo e do desenvolvimento das sociedades.

Os museus são locais de conservação, pesquisa, exposição, comunicação de obras de arte e objetos de valor científico, histórico, artístico ou técnico. O Estatuto de Museus (Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009) define: “Consideram-se museus, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.”

Desde 2019, o Conselho Internacional de Museus (ICOM), está discutindo uma nova definição de museus, que possa contemplar toda a diversidade de tipos e multiplicidade de papéis que estas instituições desempenham. No momento a definição, em fase final de discussão, registra que “Os museus são espaços democratizantes, inclusivos e polifônicos que atuam para o diálogo crítico sobre os passados e os futuros. Reconhecendo e abordando os conflitos e desafios do presente, mantêm artefatos e espécimes deforma confiável para a sociedade, salvaguardam memórias diversas para as gerações futuras e garantem a igualdade de direitos e a igualdade de acesso ao patrimônio para todos os povos. Os museus não têm fins lucrativos. São participativos e transparentes, e trabalham em parceria ativa com e para as diversas comunidades, a fim de colecionar, preservar, investigar, interpretar, expor, e ampliar as compreensões do mundo, com o propósito de contribuir para a dignidade humana e a justiça social, a equidade mundial e o bem-estar planetário.” (ICOM – O Conselho Internacional de Museus. PESQUISA ICOM BRASIL NOVA DEFINIÇÃO DE MUSEU. 2021. Disponível em: http://www.icom.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Apresentacao.pdf)

Museus são guardiões das histórias, dos elementos que foram e estão presentes no mundo e na vida da humanidade. São espaços de identificação, de construção de conhecimento, de diálogo, convívio e interação. Juntamente com os centros de ciência, são locais de educação não formal, e são fundamentais na popularização da ciência e na democratização do acesso ao conhecimento. Portanto, museus não são aqueles lugares distantes de todos, eles estão intimamente ligados e conectados com as pessoas, as comunidades e com a sociedade como um todo.

MUSEUS NO BRASIL